O que significa ser um poeta
Às vezes eu fico pensando nessa coisa difusa que as pessoas chamam de “poeta”. É como uma espécie de ser diferente que, embora humano, teria capacidades além do normal de sentir e expressar o que sente, como se estivesse em conexão com alguma dimensão mais profunda ou mais intensa da experiência. Mas é só pensar mais um pouco nisso, e a ideia se desfaz: se o poeta conseguisse sentir coisas que os outros humanos não são capazes, o que ele expressa seria incompreensível para eles, mesmo admitindo que se trata de uma tradução desde o início inefável. Não seriam capazes de reconhecer aquilo que ele sente para além da experiência ordinária, não seriam capazes de se sentirem tocados, emocionados, inflamados pela expressão do poeta. As pessoas são, sim, capazes de reconhecer a força de um Bergman, de um Dante, de um Charles Burns. Do contrário, eles não conseguiriam notoriedade e nem mesmo pagar as contas, seriam párias e morreriam à míngua, sem jamais serem descobertos. A diferença do poeta para o indivíduo ordinário, penso eu, é que o poeta sente mais vezes, sente com mais intensidade, ou se deixa levar pelo que sente até lonjuras que o indivíduo ordinário não quer, não pode ou tem medo de ir. O poeta não desliga seu “sistema sonar”, vive em constante estado de abertura para o que quer que lhe ocorra, ao passo que o indivíduo ordinário parece que “desliga” seu sistema a fim de viver a vida ordinária que lhe é oferecida.
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